terça-feira, 14 de outubro de 2008

eu-insone

O que seria Duas Semanas em Abril e se tornou o Ensaio Sobre a Insônia:

I. Toda obra é prima. Trinta e um, vinte e cinco, treze.
A procura por um sentido na vida é totalmente ilógica. É absurda e vital. A vida é o sentido da vida. Pêndulos, satélites, espirais. Luta de classes. Torta.
II. Há vida na morte. A alma é elástica.
Há um pedaço de mim que vagueia pelo sertão se chamando Assis e dormindo a sós. Todo descalço, o descaso em pessoa. Messiânico. A silueta impossível de um dos muitos visionários tortos. E eu aqui, urbano, todo vermelho acenando aos motoristas ensurdecidos. Berraria e suor, nessa cidade todos têm em comum. Uma nação de cristãos descrentes e desbocados. Vilões nos seus momentos mais íntimos. Atores da Globo. Ó meu renegado Assis, estás em minhas preces curtas. Seja tu poeira cósmica ou o fim do mundo. Seja tu um desenho ou um destino intrínsseco, independente e de olhos castanhos que me cruza na rua e me deixa pra sempre. Essa rua... é minha? Ela é minha alma recoberta com pixo? E as pessoas, fonte de minha fonte, que passam como água corrente pela minha vida dura, são o destino? A lista telefônica está cheia de respostas. De noite quando tudo se cala eu percebo que todos estão perdidos, de uma forma ou outra. Só então a calma chega, por todos os lados, e eu durmo. O sono dos justos. Vício, ofício, vício.

Sobre medo do escuro: Temo a escuridão do universo. Bilhões e bilhões de estrelas, uníssonas, perfeitas, galáxias, não conseguem aclareá-lo. No fundo o negrume prevalece e engole tudo. Não há interruptor, não há lenha para a fogueira universal. Temo a solidão do universo.